A estiagem dos últimos meses reduziu a produção de leite. E os reflexos desse cenário já são percebidos pelos consumidores. A consumidora olha, olha, olha de novo. “Está muito caro, o leite. E a gente precisa tomar leite. Não pode ficar sem leite em casa”, afirma a cuidadora Ivanilda de Almeida. O IGP-DI, um índice de preços da Fundação Getúlio Vargas, divulgado nesta segunda-feira (7), mostra que o leite tipo longa vida subiu mesmo: 3,20%, em março em relação a fevereiro. O que é percebido no supermercado é reflexo direto do que está acontecendo no campo. O leite, como outros produtos agrícolas, fica mais caro na estiagem, que normalmente vai de abril a setembro. Mas este ano ela veio antes, desde janeiro, e bem forte. A falta de chuva diminuiu a oferta de leite no Paraná, em São Paulo, em Minas Gerais, e em Goiás, que estão entre os maiores produtores do país. Nesse mesmo período do ano passado, um produtor mineiro entregava 900 litros por dia. A média agora não passa de 730. “O problema é que estamos entrando na época mais seca do ano e, como os pastos não vão conseguir se recuperar nesse período, vamos ficar com esses preços altos até o fim do ano”, avalia o economista José Carlos Hausknecht. O aumento do leite puxou rapidinho o preço de alguns derivados. É o caso, por exemplo, do iogurte e do requeijão. Então, no balcão da padaria, quem pedir aquele iogurte batido e o pãozinho com requeijão, não tem jeito. Vai pagar mais. Os derivados de leite subiram, em média, 1,55% em março. Para segurar a freguesia, uma rede de supermercados agiu rápido. “Comprando mais leite, uma quantidade bem maior, para poder manter o preço baixo”, afirma o encarregado de supermercado Vagner Ricarte. O consumidor também está dando um jeito. “Como é para as minhas crianças, eu prefiro abrir mão de outra coisa para dar o que eu gosto para eles, o leite que eles tomam”, conta a estudante Mara Gislaine do Nascimento. “Eu vou pesquisar, vou em outro lugar, para ver onde está mais barato”, declara uma mulher.